quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A origem e a história da festa do Natal


A partir do século IV a Igreja no Oriente e no Ocidente festejavam a encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, em duas diferentes datas: a Igreja ocidental, a partir de Roma, em 25 de dezembro, e a Igreja oriental em 06 de janeiro, intitulando a festa de “Epifania” (manifestação) do Senhor. A distinção entre as duas festas acontecerá somente entre o final do século IV e o início do século V. A primeira notícia, todavia, que temos da festa do Natal em Roma está no documento chamado “Cronógrafo filocaliano”, do ano 336, onde a festa do nascimento de Jesus está fixado na data de 25 de dezembro.


Quanto à origem desta festa, segundo os estudiosos a explicação mais provável encontra-se na tentativa da Igreja em Roma de suplantar a festa pagã do “Natalis (solis) invicti”. De fato, no século III difundiu-se no mundo greco-romano o culto ao sol, última afirmação do paganismo decadente. O imperador Aureliano († 275) deu-lhe importância oficial, através da construção de um templo em Roma. A principal festa deste culto era celebrada no solstício de inverno, no dia 25 de dezembro, tempo no qual no hemisfério norte o dia passa a ser mais longo que a noite, simbolizando o início da vitória da luz sobre as trevas.

Para afastar os fiéis dessas celebrações idolátricas, a Igreja em Roma deu a tais festas pagãs um significado diferente: a celebração do nascimento do verdadeiro sol, Jesus Cristo, que se fez carne depois da longa noite do pecado.

Esta origem explica também o fato da festa de Natal ser em data fixa, isto é, segundo o calendário solar, enquanto a Páscoa – que segue o calendário lunar (hebraico) – é móvel, variando a data de ano para ano.

Um segundo fator importante para a insistência da Igreja na celebração da festa de Natal, foram todas as heresias surgidas nos séculos IV e V (con Ário, Nestório e Eutiques), as quais, ou negando a divindade de Jesus, ou misturando as suas duas naturezas, terminavam por anular a realidade divino/humana do Filho de Deus encarnado. A Igreja, pois, com os grandes Concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451), rejeitou tais erros e afirmou a fé ortodoxa, que professamos todos os domingos no “Creio”.

Terá pois o Filho de Deus nascido em 25 de dezembro? Ninguém sabe em que data e hora a Virgem Maria deu à luz Jesus. Porém, mais importante do que a data exata importa verdadeiramente comemorar com imensa alegria a amor de Deus que se quis fazer carne, para nós salvar.

É belo, nesse sentido, recordar as palavras dos anjos “evangelizando” aos pastores a grande alegria: “Hoje nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor” (Lucas 2,11) E, para a nossa festa, encontramos um particular eco no hino de Zacarias: “Por meio do amor misericordioso de nosso Deus, nos visitou o Sol que vem do alto, epifania/manifestação luminosa para os que jazem nas trevas e na sobra da morte estão sentados!” (Lucas 1,79).

Fonte:  Diocese de Santo André - Padre Antônio César Seganfredo (Vigário Paroquial da Paróquia São José – Ribeirão Pires)

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